Pré-IMF: Antecedentes à Criação do Instituto de Matemática e Física da UFG
O processo de criação do Instituto de Matemática e Física (IMF) da Universidade Federal de Goiás (UFG), oficializado em novembro de 1963, não ocorreu de forma isolada, mas foi resultado de um contexto histórico, político e educacional que remonta ao início da década de 1960.
Esse período foi marcado pela instalação da própria UFG, em 1960, pela necessidade de ampliar a oferta de cursos superiores em Goiás e pela carência de professores qualificados para atender às demandas de ensino das áreas básicas das ciências exatas.
Fonte: Revista Afirmativa UFG: https://files.cercomp.ufg.br/weby/up/1/o/revista_afirmativa_2.pdf
Um marco decisivo para o surgimento do futuro IMF foi a criação da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras (FFCL), cuja instalação era obrigatória, segundo a Lei nº 3.834/60, que criou a UFG. A legislação determinava que toda universidade deveria ter, além da Faculdade de Direito, uma Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, considerada, à época, um dos pilares da estrutura universitária.
Fonte: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/1950-1969/l3834-c.htm#:~:text=LEI%20No%203.834%2DC,Art.
Apesar do apoio do reitor Colemar Natal e Silva, a criação da FFCL enfrentou resistências internas. Dividir os já escassos recursos entre novas unidades gerava preocupação e oposição. Diante da falta de consenso, o reitor convocou o Conselho Universitário, em 25 de setembro de 1962, e, valendo-se do artigo 133 do Estatuto da Universidade, decretou a criação da FFCL. Seu funcionamento foi oficializado em 14 de novembro de 1962, no Diário Oficial da União.
Fonte: Revista Afirmativa UFG: https://files.cercomp.ufg.br/weby/up/1/o/revista_afirmativa_2.pdf
O professor Egídio Turchi foi convidado pelo reitor para organizar a nova faculdade. Em 04 de março de 1963, tiveram início as aulas da FFCL, com os cursos de Letras, Pedagogia, Matemática e Física. A estrutura modesta reunia 27 professores e cerca de 180 alunos, distribuídos em prédios provisórios.
O corpo docente era formado, em grande parte, por engenheiros e profissionais de áreas correlatas, sem formação específica em Matemática ou Física, convidados a lecionar em caráter emergencial.
O curso de Matemática e Física, em especial, foi estruturado sob liderança do engenheiro Orlando Ferreira de Castro, com professores como Hermógenes Coelho Júnior (Geometria Descritiva), Jaime Marcos Cohen (Análise Matemática), Irapuam Costa Júnior e Fritz Koeller (Física), Saleh Jorge Daher (Fundamentos de Matemática) e Walter Brokes (Geometria Analítica).
A primeira turma, com 33 alunos, enfrentou carência de bibliografia, infraestrutura precária e incertezas sobre a carreira científica - em uma época em que as ciências exatas eram vistas como caminho quase exclusivo para a Engenharia.
A estruturação improvisada, com professores que ministravam disciplinas fora de sua formação e, muitas vezes, conciliavam o magistério com atividades empresariais, sem dedicação exclusiva à universidade, gerou dificuldades no ensino das disciplinas básicas. O então diretor da Escola de Engenharia da UFG, o engenheiro Gabriel Roriz, relatou a falta de preparo de alguns docentes e episódios que ilustravam o improviso das aulas.
Para Roriz, tornava-se urgente criar condições estruturais que garantissem professores especializados, com dedicação integral ao ensino e à pesquisa, capazes de sustentar a consolidação da UFG nas áreas das ciências exatas.
Fonte: Revista Afirmativa UFG: https://files.cercomp.ufg.br/weby/up/1/o/revista_afirmativa_2.pdf
Nesse contexto, duas influências externas reforçaram a ideia de organizar o ensino de Matemática e Física em uma nova estrutura: A primeira veio do parecer da Primeira Conferência Internacional sobre o Ensino de Física, realizada no Rio de Janeiro pela Organização dos Estados Americanos (OEA), que recomendava que o ensino de Física fosse ministrado por físicos, em departamentos próprios. A segunda foi a palestra de Ernesto Luiz Oliveira Júnior, representante da Comissão Supervisora do Plano dos Institutos (Cosupi), ligada ao governo federal, que propunha a reorganização das universidades em institutos e departamentos, inspirado no modelo do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA).
O modelo do ITA previa a constituição de institutos básicos, com professores especializados em dedicação exclusiva, garantindo qualidade no ensino das ciências fundamentais.
Inspirado por essas propostas, Roriz viajou a São José dos Campos (SP) para conhecer de perto a experiência do ITA. Durante a visita, conheceu o modelo departamentalizado do ITA e, por intermédio do professor Paulus Pompéia, chefe do Departamento de Física, obteve as indicações de docentes que pudessem vir a Goiânia estruturar os futuros institutos da UFG. Foram indicados Leônidas Hegemberg (para organizar o Instituto de Matemática) e João Martins (para estruturar o Instituto de Física).
Entretanto, o contexto político e as resistências internas retardaram o avanço das propostas.
Foi nesse contexto que surgiu a alternativa de criar um único Instituto de Matemática e Física (IMF), reunindo professores das duas áreas básicas. A proposta foi aprovada pelo Conselho Universitário e referendada pelo reitor Colemar Natal e Silva, oficializando-se, em novembro de 1963, a criação do IMF/UFG.
A criação do IMF representou, portanto, uma resposta concreta às demandas internas da UFG e refletiu, simultaneamente, os debates nacionais sobre a modernização e a expansão do ensino superior brasileiro nas ciências básicas.
*Para a revisão e aprimoramento da redação deste texto histórico, foi utilizada a ferramenta ChatGPT (modelo GPT-5, OpenAI).